As fraudes no INSS envolveram um esquema criminoso com uso de entidades associativas fraudulentas, imóveis adquiridos com recursos ilícitos e descontos irregulares em benefícios.
A Polícia Federal revelou um sofisticado esquema de fraudes no INSS que movimentou R$ 35 milhões em oito anos. Além disso, os investigados adquiriram 47 imóveis em várias cidades brasileiras, em uma ação que aponta para desvios de recursos públicos e indícios de lavagem de dinheiro.
As investigações da Polícia Federal, com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), mostraram que parte dos valores desviados do INSS foi utilizada para comprar salas comerciais, apartamentos e veículos. Desse modo, os envolvidos se beneficiaram de Acordos de Cooperação Técnica (ACT) para permitir descontos irregulares em benefícios de mais de 1,3 milhão de aposentados e pensionistas afetados.
Somente a empresa Orleans Viagens comprou 16 salas em São Bernardo do Campo (SP), além de um apartamento em Diadema e 11 veículos entre 2020 e 2024. Além disso, segundo os investigadores, a movimentação é incompatível com a renda declarada da empresa e revela um possível esquema criminoso no INSS.
Outros envolvidos nas fraudes no INSS, como Silas Bezerra de Alencar e Wagner Moita, adquiriram imóveis avaliados em milhões. Alencar investiu R$ 5,4 milhões em seis propriedades, enquanto Moita comprou apartamentos no litoral paulista por R$ 1,8 milhão. Os investigados adquiriram todos os bens durante a vigência do suposto esquema.
Em Brasília, o diretor da Contag, Alberto Broch, comprou um imóvel de R$ 1,6 milhão logo após assinar um ACT com o INSS. A entidade, considerada uma das entidades associativas fraudulentas, recebeu mais de R$ 2 bilhões entre 2018 e 2025.
Entre os investigados está o ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Ribeiro, que adquiriu quatro imóveis por R$ 4,6 milhões. Sua esposa, Thaisa Jonasson, também comprou imóveis por R$ 2 milhões. Desse modo, a empresa de ambos, THJ Consultoria, aparece nos documentos da Operação Sem Desconto, deflagrada para apurar lavagem de dinheiro e desvios de recursos públicos.
A Polícia Federal aponta Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”, como um dos articuladores do esquema. Ele comprou uma casa de R$ 3 milhões à vista no Lago Sul (DF), além de transferir valores para uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, a Camilo & Antunes Limited, que investiu R$ 11 milhões em imóveis no Brasil. Portanto, esse tipo de movimentação evidencia o impacto no mercado imobiliário, com aquisições feitas por empresas com indícios de fraude.