O jantar promovido pelo presidente Lula com integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta quinta-feira, 31, para dar apoio ao ministro Alexandre de Moraes, alvo de sanções da Lei Magnistsky, deveria ser um daqueles momentos de demonstração de força e de unidade no Tribunal. Mas não foi isso o que exatamente aconteceu.
Lula mandou convite para os 11 ministros; compareceram seis: o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, próprio Moraes, Cristiano Zanin, Edson Fachin, Flávio Dino e Gilmar Mendes. Cinco preferiram ficar fora da foto oficial planejada por Lula: Luiz Fux, Dias Toffoli, André Mendonça, Carmen Lúcia e Nunes Marques.
A própria nota do STF divulgada nesta quarta-feira, horas após o anúncio das sanções da Lei Magnistsky, é um retrato dessa divisão interna na Corte. A manifestação foi insossa e fria, bem fora dos padrões adotados pelo próprio STF. Em entrevista à Globo News, Barroso deixou claro que a manifestação – mais amena – tinha justamente esse objetivo: tentar acalmar os ânimos, embora Moraes tenha pressionado por uma resposta mais contundente da Corte.
A expectativa agora é que a resposta mais contundente seja dada exatamente na manhã desta sexta-feira, 10, com o retorno do recesso do Poder Judiciário. Moraes deve dar a sua versão dos fatos, em uma sessão que – aí sim – deve marcar um momento de desagravo ao ministro.
Mas deve ficar por aí. Como registrou um especialista no Meio-Dia em Brasília desta quinta-feira, Moraes virou uma ‘pessoa radioativa’. E o STF não quer se deixar contaminar por ele.
Os ministros que faltaram ao encontro, conforme apurou O Antagonista, o fizeram por dois motivos absolutamente simples: não queriam que suas imagens fossem exploradas politicamente pelo petista – que tem usado a campanha pela soberania como trunfo para recuperar sua popularidade junto ao seu eleitorado – e, do outro lado, acreditavam que essa imagem poderia trazer para eles uma crise iniciada por Moraes.
Desde a aplicação de penas do 8 de janeiro, alguns integrantes do STF vêm manifestando, nos bastidores, incômodos com os abusos do ministro Alexandre de Moraes. Até o momento, porém, apenas Luiz Fux vocalizou isso publicamente ao classificar como exageradas as penas impostas à cabeleireira Debora Rodrigues. Agora, na visão dos magistrados, a conta veio. E pior do que se imaginava.
Fonte: O Antagonista